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Carro novo encalha no pátio e indústria já quer ajuda do Governo para "desovar" estoque usando até FGTS
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Publicado em 14/04/2023

Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (ANFAVEA) revelou que estavam nos pátios das fábricas e das concessionárias, em março, 204 mil veículos, o equivalente a um mês de produção. Em bom português, significa dizer que a indústria vai ter que parar de produzir em abril, porque parou de vender em março.

O fato é que o preço do carro novo no Brasil está tão descolado do cliente médio que o IPVA virou imposto de luxo, capaz (como é o caso de Pernambuco) de ser 10% do que o estado vai arrecadar com o ICMS no ano. O IPVA, como se sabe, é cobrado sobre o valor de mercado, o que no caso do carro novo, faz o freguês pagar o imposto pelo tamanho na Nota Fiscal Eletrônica.

O Brasil também entendeu de comprar carros de luxo que já representam 13,8% do mercado, especialmente SUV, que virou o modelo padrão da classe média.

A questão é que a indústria começou o ano apostando que o freguês iria voltar. Afundou o pé no acelerador, produzindo 536 mil veículos - entre janeiro e março. Como só conseguiu vender 472 mil, o estoque subiu, abrindo o aperreio geral no setor, que mais uma vez foi ao governo pedir água.

Detalhe: as vendas seriam piores se não fossem as vendas para locadoras que, em março, representaram 28% do total, já que elas têm uma demanda reprimida dos tempos da pandemia, combinado com a falta de veículos, devido à falta de chips em 2021. Mas locadora não sustenta montadora. E logo essas vendas vão voltar ao normal.

A primeira ideia seria uma espécie de volta do carro popular "verde", com preço estimado entre R$ 45 mil e R$ 50 mil E acredite: com o consumidor usando de parte do seu Fundo de Garantia por Tempo de Serviço (FGTS) para compra de carros novos.

O setor - que tem acesso direto ao Governo - acredita que, se houver acordo e o governo oferecer incentivos tributários, seria possível oferecer um veículo popular com valor pelo menos R$ 10 mil abaixo do praticado atualmente. Tanto que o tema já tem sido discutido entre fabricantes de veículos em Brasília.

FGTS está se tornando uma espécie de pia de água benta, onde tudo que é setor em crise mete o dedo para se benzer. No governo Bolsonaro, o FGTS virou o único meio de subsídio à casa própria, já que a União saiu do setor. Não parece ser diferente no Governo Lula. No fundo, a indústria sempre dá um jeito de pagar menos impostos e chamar o contribuinte para apresentar a conta.

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