A instalação de chuveiros na orla de Boa Viagem virou lenda na cidade. A promessa, feita em 2016 pela Prefeitura do Recife, nunca saiu do papel, e nem tem data para que isso aconteça. Assim, na praia urbana mais frequentada de Pernambuco, banhistas precisam se lavar em bicas improvisadas, cuja qualidade da água já foi reprovada diversas vezes.

Em 2014, estudo da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE) e da Universidade Federal Rural de Pernambuco (UFRPE) mostrou que a maior parte dos chuveirões improvisados, instalados por barraqueiros, possuía níveis de contaminação acima do indicado pelo Conselho Nacional do Meio Ambiente (Conama).

Nova pesquisa foi publicada em 2018, indicando que a água das bicas e dos banheiros da orla ainda estava fora dos padrões exigidos por lei e que era, portanto, imprópria para uso. Além de oferecer risco à saúde, pesquisadores mostraram que ela poderia atravessar a areia da praia e contaminar o lençol freático.

O Ministério Público de Pernambuco (MPPE) recomendou em 2015 que a gestão municipal interditou 47 poços cuja presença da bactéria Escherichia coli, presente nas fezes, foi constatada - mas não foi obedecido.

Por nota, a Prefeitura do Recife informou que a instalação de chuveirões está inserida no Projeto Orla e faz parte do plano de saneamento do local, que está em processo de estudo, junto com a Companhia Pernambucana de Saneamento (Compesa), mas não deu prazo para a concretização.

Já a Compesa afirmou que “está atuando para garantir o fornecimento de água para os equipamentos previstos no projeto do município” e “dando suporte técnico ao município”.